sexta-feira, 19 de junho de 2009

O enigma da origem da religião cristã.




O capítulo 8 tem como título: O enigma da origem da religião cristã. A racionalidade crítica deseja compreender a religião, que sempre foi uma parte muito importante da cultura viva. “Crítica” indica que para compreender se tenta distinguir o essencial da religião em si. A razão busca o que há de essencial e universal naquilo que considera. Quando se trata de realidades humanas, é, sobretudo a filosofia que cumpre essa função crítica. Na religião, a razão filosófica se atém à personalidade daquele que é o centro desta, Jesus Cristo. A prática cristã tem por objetivo tornar efetiva a fé que o fiel confessa. A igreja dos primeiros séculos combateu com decisão todas as interpretações que negassem a realidade da humanidade de Jesus.
Como explicar se não é fiel, os relatos da ressurreição e toda a tradição que leu na fala e viu nos gestos de Jesus a afirmação e a manifestação de sua divindade? O caminho teórico que se ofereceu aos espíritos críticos foi de início buscar a explicação nas influências dos ambientes religiosos que cercaram o cristianismo primitivo.
Alguns pensam que o que importa então não é a realidade histórica de Jesus Cristo, de sua ressurreição, das influências sobre a origem do cristianismo; o importante é a realidade humana, sobretudo psíquica, que a religião, cristã ou outra, permite exprimir.
Hoje se aceita aos evangelhos um valor histórico porque é possível encontrar neles informações notavelmente ricas e precisas sobre o país de Jesus, sobre as graves tensões políticas, sobre as correntes religiosas e sobre os costumes de sua época. Como diversos outros documentos confirmam a justeza das informações dadas pelos evangelhos, e todas as tentativas de explicação, levam a melhor compreender o gênero de documentos bem particular, único, que são os evangelhos.
Mesmo assim, apegando-se ao desafio que representa a origem do cristianismo, a racionalidade crítica prestou um grande serviço à despeito de todas as extravagâncias e apesar da insistência repetida e passional visando desmistificar a religião cristã. O reconhecimento mais realista da humanidade de Jesus permite dar melhor à ressurreição seu verdadeiro significado. E a apreciação mais justa do gênero de escritos que são os evangelhos convida a tomar consciência daquilo que é o ato de fé em resposta à “boa nova”.



VERGOTE, Antoine. Modernidade e cristianismo. Interrogações e críticas recíprocas. São Paulo: Loyola, 2002.

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