quinta-feira, 26 de março de 2009

João Wesley e seu conceito de Graça preveniente

João Wesley concebeu a Graça de forma original. Seu conceito de Graça preveniente é uma contribuição wesleyana à doutrina da salvação. Disse ele: "A graça preveniente no pecador, desperta a fé na verdade da men­sagem da salvação (...) juntamente com uma primeira motivação para a esperança e o amor de Deus." (KLAÍBER, W; Marquardt M. Viver a Graça de Deus. São Paulo: Editeo.1999, p. 278.) Já a graça justificadora é a que age imediatamente naquele que foi alcançado pela graça preveniente, e é a graça salvadora oferecida com a vinda do Filho de Deus ao mundo, como diz João: "... temos recebido sua plenitude e graça sobre graça." Assim a graça justificadora vai consistir na purificação do passado do homem e da mul­her, perdão da culpa, e absolvição da acusação que a lei levanta contra nós. Este aspecto está à frente, em Wesley. A justificação se dá baseada na morte vicária de Jesus, pela qual foi feita satisfação à justiça de Deus; na qual o castigo foi cumprido por Cristo, pela qual, ao mesmo tempo, foi criado espaço para a misericórdia de Deus, pela qual Ele justifica todo aquele que crê em Jesus."3 (KLAÍBER, W; Marquardt M. Viver a Graça de Deus. São Paulo: Editeo.1999, p. 279.)
Segue-se no agir da Graça de Deus na vida do cristão, que além de operar previnientemente, salvadoramente e justificadoramente, a ação da Graça na compreensão de João Wesley, vai continuar agindo em sua vida para santificação, sim, para perfeição cristã, de modo a pro­duzir nele uma vida de conformidade com a vontade de Deus. W. Klaiber diz que o fundamento da santidade é a ação "graciosa" e salvadora de Deus na morte de Jesus, por cujo sangue tudo que separa, tudo que é impuro, não santo e injusto, é afastado do homem, pois através de Cristo o homem escravizado ao pecado foi comprado para Deus (Cf. ICo 9.19). Assim, a Graça santificadora não somente é uma continuação do processo de justi­ficação, mas presente em toda ação redentora de Deus em Cristo.
Deixemos Wesley falar como ele vê esta operação da graça para a justificação e pela santificação. "O novo nascimento não é o mesmo que santificação". Quando somos nascidos de novo, começa a nossa santificação, a nossa santidade interna e externa, e daí em diante temos de "crescer gradualmente naquele que é nossa cabeça". Esta expressão do apóstolo ilustra admiravelmente a analogia que há entre as coisas naturais e as espirituais. Uma criança nasce de uma mulher no momento ou pelo menos num curtíssimo espaço de tempo, depois cresce gradual e vagarosamente até que atinge a es­tatura de um homem. Do mesmo modo uma criança nasce de Deus num curtíssimo espaço de tempo senão num momento. Mas é lentamente que ela alcança a me­dida da plena estatura de Cristo (Ef 4.13ss). A mesma relação que existe, portanto, entre o nosso nascimento natural e o nosso crescimento, existe também entre o novo nascimento e a nossa santificação".( Sermões de Wesley, V-2 Imprensa Metodista, São Paulo, 1954 Sermão XLV; "O novo nascimento", item IV.3 páginas 394 e 395)
Derivado do conceito Graça está o registro de Paulo em l Coríntios 12 onde se afirma que os dons do Espírito são carismáticos, ou dons da Graça (ICo 12.4). Diaire-seis de carismatôn eisin, to de auto pneuma = Diversos são os dons, mas o Espírito é o mesmo.
Deste modo, fica claro: a Graça de Deus que opera através de Jesus para Salvação, continua a atuar no cris­tão para seu crescimento e capacitação para os ministé­rios cristãos. (Ver também Ef 4.7-16).
Neste sentido é que incorporamos, entre nós meto­distas, o conceito da Reforma, do Sacerdócio Universal de todos os crentes, pois, afinal, temos todos recebido do mesmo Espírito dons para o serviço missionário cristão.

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