quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Para onde se vai depois da morte?




realmente sabe para onde vai logo após sua morte?


Muitas são as dúvidas de cristãos no mundo todo, mas, o que a bíblia realmente ensina sobre este assunto? Analisemos algumas teorias.
Sono da alma- há uma teoria muito difundida nos nossos dias chamada sono da alma. Essa forma de pensar consiste em que a pessoa ao morrer fica dormindo e só despertará no dia do julgamento final. Para apoiar sua tese usam textos como:Jo11:11 Isto dizia e depois lhes acrescentou: Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo.

Isto era apenas uma forma de falar, um eufemismo, uma realidade dura que Jesus queria tornar branda. Os discípulos não entenderam e disseram que se Lázaro dormia estaria segura, Jesus precisou ser mais claro e falou em Jo 11:14 "Lázaro morreu".

Outro caso em que a Bíblia usa sono por morte esta em At 7:60:"...tendo dito isto, adormeceu.

Assim, desmontamos o primeiro argumento. As almas dos crentes e dos ímpios não dormem.
Purgatório- Há um outro argumento que diz que as almas vão para um lugar chamado purgatório. Um local onde se "purga", se purifica os pecados, com ajuda de algumas missas e outros favores monetários chegar-se ao céu. Baseiam-se em textos como: 1 Co 3:15 se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo.

Jd 1: 22-23 E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida;

salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne.

O primeiro texto fala que Deus provará nossas obras e o segundo texto nos fala a respeito da conversão que o livramento do inferno.
Estado intermediário – há um argumento que acreditamos ser o mais exato por encontrar amplo respaldo bíblico, chama-se estado intermediário. Todas as almas dos salvos no céu como as dos condenados no inferno aguardam o ultimo dia, o dia da ressurreição. Naquele dia se juntará alma e corpo para serem julgados. Argumentos bíblicos:
Dn 12:2 Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.
Ap 20:12 Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros.

Interessante notar que tanto o inferno que estão as almas agora quanto o céu são temporários, intermediários aos que virão. Vejamos os textos.
Ap 21:1 Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.
Ap 20:14-15 14 Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. 15 E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.


Conclusão

Depois da morte as almas do crentes vão, portanto, para o céu onde despertam conscientes da presença de Deus e de suas bênçãos enquanto esperam pela ressurreição. As almas dos ímpios estão aprisionadas no inferno numa espécie de prisão preventiva aguardando sua condenação final do dia do juízo.Deus nos ilumine.Amém.

Criatura ao invés do Criador




acordo com e esquema do livre-arbítrio, o Senhor tem boas intenções, mas precisa aguardar como um servo, a iniciativa de sua criatura, para saber qual é a intenção dela. Deus quer o bem e o faria, mas não pode, por causa de um homem indisposto, o qual não deseja que sejam realizadas as boas coisas de Deus. O que os senhores fazem, senão destronar o Eterno e colocar em seu lugar a criatura caída, o homem? Pois, de acordo com essa teoria, o homem aprova, e o que ele aprova torna-se destino. Tem de existir um destino em algum lugar; ou é Deus ou é o homem quem decide. Se for Deus Quem decide, então Jeová se assenta soberano em seu trono de glória, e todas as hostes Lhe obedecem, e o mundo está seguro. Em caso contrário, os senhores colocam o homem em posição de dizer: "eu quero" ou "eu não quero". "Se eu quiser, entro no céu; se eu quiser, desprezarei a graça de Deus. Se quiser, conquistarei o Espírito Santo, pois sou mais sou mais forte do que Deus e mais forte que a onipotência. Se eu decidir, tornarei ineficaz o sangue de Cristo, pois sou mais poderoso que o sangue, o sangue do próprio filho de Deus. Embora Deus estipule seu propósito, me rirei desse propósito; será o meu propósito que fará o dEle realizar-se ou não" Senhores, se isso não é ateísmo é idolatria; é colocar o homem onde Deus deveria estar.
Eu me retraio, com solene temor e horror diante dessa doutrina que faz a maior das obras de Deus – a salvação do homem - depender da vontade da criatura, para que se realize ou não. Posso e hei de me gloria neste texto da palavra, em seu mais amplo sentido: "Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia"(Rm 9.16).

Charles H. Spurgeon

Estudo Bíblico- Os Nomes de Deus




Então disse Moisés a Deus:

Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? Respondeu Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos olhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. (Êxodo 3:13-14)


Na cultura judaica, o nome refere-se àquela parte que define a identidade, a natureza e a essência de cada ser. Para cada judeu, o nome é o seu chamado espiritual, um título que reflete seus traços particulares de caráter.


Nomes de Deus no Antigo

TestamentoElohim : Deus poderoso

El´- aquele que é forte – Elohim : plural


Uso ligado à soberania de DeusGn 1:1; Dt 5:23, 8:15; Sl 68:7; Is 45:18, 54:5; Jr 32:27


a) El´Shaddai – Deus todo-poderoso – importância pactual

Gn 17:1-2; 28:3;43:14;48:3 Ex 6:1-5; 17:1 Sl 91:1-2


b) El´Elyom : Deus altíssimo – majestade e possuidor de tudoGn 14:18-24; Dt 32:8 Sl 92-8


c) El´Olam – Deus Eterno – imutabilidadeGn 21:33 Is 40:28


Adonai : Deus governador – superioridade Dt 10:17

Iavé (YHWH) : Deus Redentor Ex 3:1-4

a) Iavé Jireh – Deus proverá : Gn 22:14

b) Iavé Mecadishken – Deus santifica : Ex 31:13 Lv 21: 8,23

c) Iavé Nissi – Deus minha bandeira : Ex 17:15

d) Iavé Rohi – Deus pastor : Sl 23:1 => 1Pe 2:25, 5:4

e) Iavé Shalom – Deus é paz : Jz 6:24 => Rm 15:33 1 Ts 5:23

f) Iavé Tsidkenu – Deus é justiça : Jr 23:6 Lv 19:35-36

g) Iavé shamah – Deus ali – Ez 48:35

h) Iavé Elohim Israel : Senhor Deus de Israel : Jz 5:3; Is 17:6

Nomes de Deus no NovoTestamento:

Théos : Deus – Jo 10:34; 1 Co 1:18-24, 15:18

Kyrios : Senhor , que possui poder : Lc 10:2, Fp 2:11

Atribuído também ao Filho e ao Espírito Santo : Fp 2:9-10 ; 2 Co 3:17-18

Páter (ou Abba em aramaico) – Pai : Ef 1:3, Jo 5:17-23 , Gl 4:17

Louve ao Senhor no Salmo 100 Parte Final.




II - ANÁLISE LITERÁRIA


2.1 Os paralelismos do Salmo


Nesta primeira parte do salmo, observamos que o elemento A (Salmo de ações de graça) faz parte de uma expressão que indica gratidão. O elemento A', na segunda cola, é a palavra traduzida por "celebrai com júbilo". Estes dois elementos se relacionam por um paralelismo sintético, ou seja, quando a primeira parte da linha poética é completada pela segunda, ampliando a idéia daquilo que o salmista queria dizer.
Com isto, a melodia para ações de graça pode ser entendida como aquele cântico degratidãodado ou celebradocom júbilo.
Na segunda linha poética (vs. 2) os elementos encontrados, nesta parte do salmo, se relacionam de uma forma construta ou sintética; Vejamos: O elemento A (Servi ao Senhor) nos transmite a idéia de um serviço a Deus. A expressão "com alegria" completa a idéia do imperativo encontrado na palavra servir.
O elemento B (apresentai-vos diante dele com cântico) nos mostra que aquele que serve com alegria, se apresenta diante de Deus com cântico; quando o salmista escreve este verso, percebemos que há uma progressão de idéia nos fazendo compreender que o servo de Deus o serve com alegria se apresentando diante dele, para tal tarefa, com cântico.
Na terceira linha poética (vs. 3) temos o nome impronunciável de Deus geralmente traduzido por SENHOR. Temos um segundo nome para se referir ao Deus de Israel. Neste verso não temos duas pessoas diferentes, mas uma pessoa só, todavia expressa com nomes diferentes. O objetivo do salmista é expressar duas verdades a partir dos nomes dados a Deus, como veremos mais adiante.
Na quarta linha poética (vs. 4) temos o elemento A (entrai); o elemento B (porta); o elemento C (com ações de graças). Numa outra linha poética encontramos o elemento B' (átrios) e o elemento C' (hino de louvor). Neste caso, as duas linhas poéticas formam um paralelo sinonímico, quase, perfeito se não fosse à omissão do elemento A na segunda parte; ainda sim, o elemento B está ligado com o elemento B' por transmitirem a mesma idéia (porta e átrio) e o elemento C está ligado com o elemento C', por terem, também, a mesma idéia (ações de graça e hino de louvor).


Vejamos:
Entrai por suas portas com ações de graças
Nos seus átrios com hinos de louvor
Na outra parte poética do versículo 4 temos o elemento D (rendei-lhe graças) e o elemento D' ((bendizei-lhe) formando um paralelismo sinonímico perfeito, onde todos os elementos se relacionam entre si; repetindo a mesma idéia, mas usando palavras diferentes: "rendei-lhe e bendizei-lhe".
A quinta linha poética (vs. 5), na primeira parte do versículo, observamos o elemento A (bom), fazendo parte de uma estrutura chamada de posição predicativa, onde, na opinião do salmista, o SENHOR é bom (como de fato é). No fim do versículo temos a palavra que forma o elemento B (bondade). Desta maneira, na última linha poética, contemplamos um paralelismo sintético ou construtivo porque há um complemento de idéia. O Deus que é bom manifesta a sua bondade para sempre.


2.2 A Estrutura do Salmo


Como o próprio nome diz, este salmo se enquadra dentro do que chamamos de Salmos de ações de graça. Cássio Murilo apresenta este salmo como um hino a YHWH salvador. Sellin o apresenta como estando enquadrado na categoria dos salmos hínicos.
Embora os nomes sejam diferentes, ambos apresentam a mesma estrutura para classificar este salmo como hino. Ele é composto de: a) convite ao louvor; b) motivação – "porque"; e c) novo convite ao louvor. Todos estes elementos encontramos no Salmo 100; todavia não na ordem descrita.
A palavra traduzida por ações de graça, pode se referir a um sacrifício de ação de graça oferecido num contexto de culto. No versículo 1, esta palavra introduz o salmo nos convocando para adorarmos por meio de ações de graça o SENHOR.
Este salmo possui uma particularidade: é formado por sete imperativos em quatro versículos. É uma forma singular para exortar ou chamar a atenção para a singularidade da adoração ao Senhor. O salmista queria deixar muito claro a importância de adorar a Deus por aquilo que o SENHOR é e fez
Nestes primeiros quatro versículos encontramos sete imperativos que são escritos numa sequência progressiva: Celebrar a Deus. O que celebra serve a Deus como forma de adoração. Sabe quem é Deus (o criador e o Deus presente na vida de seu povo). Entra na sua presença e lhe dá graças e lhe bendiz o nome (adorando-O).
Esta sequência de imperativos é uma preparação para o real motivo desta adoração. Tudo o que foi dito, anteriormente, já é suficiente para rendermos uma adoração imensurável. Mas o principal motivador desta adoração é o que se encontra no último versículo. É nesta parte que está à razão de adorarmos a Deus.
O versículo 5 começa com a conjunção "porque". Nos salmos de ações de graça esta expressão indica o motivo da adoração ou a parte central do poema. Normalmente esta parte dos salmos de ações de graça se liga à introdução, porém neste caso, o versículo vem no fim por causa da estrutura montada pelo salmista por intermédio da sequência progressiva dos imperativos. É a liberdade que a poesia nos dá, transgredir a sequência lógica da escrita.


III – ANÁLISE TEOLÓGICA


3.1 Comentário do Texto

O salmo a ser discutido, começa fazendo uma convocação aos moradores da terra para uma adoração que se manifesta por ações de graça. A palavra traduzida por ações de graça, é uma palavra "que corresponde à necessidade espontânea de dar expressão material e pública à ação de graças por qualquer tipo de auxílio ou de benefício. Para a qual tinham por hábito se utilizar os tipos correntes de holocausto ou de imolação (Gn 46.1; Sl 50.14; 56.13; 107.22)". Dentro de um contexto de culto era oferecido esse sacrifício de ação de graça.
De acordo com a afirmação de Eichrodt, há um motivo para se prestar essa ação de graça: qualquer tipo de auxílio ou benefício; O salmo 100 nos mostrará um benefício para a prática desse tipo de gratidão. Em particular, o salmo aponta à bondade de Deus. Este benefício, gracioso, de Deus em nós é o real motivo para adorarmos ao SENHOR.
De acordo com Sellin e Càssio Murilo Dias, o salmo de ações de graça é constituído por alguns elementos que, por sua vez, formam uma estrutura, a saber:


Convite ao louvor;
Motivação – "porque"; e


Novo convite ao louvor (geralmente na conclusão).


Entretanto, estes elementos nem sempre aparecem na mesma ordem dada acima, mas se fazem presente.
O salmo começa com o primeiro elemento – convite ao louvor – quando diz: "Celebrai ao SENHOR toda a terra". Contudo, o motivo para adorarmos não aparece como o segundo elemento, mas, apenas, no fim. A conjunção "porque", responsável por introduzir, nestes tipos de salmos, o motivo para a adoração, é encontrada na última linha poética, onde está escrito: "Porque o SENHOR é bom. O salmista nos diz que a razão da nossa adoração, em forma de gratidão, é pela bondade de Deus.
A expressão "o SENHOR é bom", que se encontra na posição predicativa, tem a sua idéia repetida, na sequência, quando o salmista diz que a sua bondade e a sua fidelidade duram para sempre. Desse modo a frase tem o significado de 'bondade verdadeira' ou algo do gênero. A bondade de Deus é fiel e jamais acaba e também nunca falha é algo verdadeiro na vida do seu povo. Com isso, o salmista nos ensina a louvar a Deus consoante ao fato dele ser bom e usar de bondade e de fidelidade para conosco. O versículo poderia ficar assim traduzido: "Porque o Senhor é bom e a sua bondade verdadeira dura para sempre".
A palavra traduzida por "bondade" é ds,x, (hesed). De acordo com o Dicionário Internacional de Teologia (DAT), o melhor caminho para entendermos o significado desta palavra é seguir o conceito secular, ou seja, a relação entre uma pessoa e outra.
O ponto central está ligado a atitude de uma pessoa para com a outra, onde aquele que se encontra numa posição de ajudar o faz com base na sua liberdade de querer usar de bondade para com a outra pessoa. Por exemplo: Boaz reconheceu a atitude de Rute para com a sua sogra como sendo um ato de bondade. Rute não tinha a obrigação de ajudar e nem estava presa por uma aliança, mas tomou tal atitude com base na sua liberdade de agir e por um ato de bondade com a sua sogra. Isto é ds,x, (hesed).
Quando chegamos a bondade (ds,x,) divina, ela se refere à sua aliança ou aos seus atos de bondade provenientes do seu próprio Ser? Deus é obrigado a ser bom conosco?

De acordo com o DAT
é óbvio que Deus encontrava-se numa aliança com Israel, que ele também expressava essa relação em hesed, que a hesed de Deus era eterna (observe-se o refrão do Sl 136). Está claro que a hesed não envolve necessariamente uma aliança e nem significa fidelidade a uma aliança...
Portanto a bondade verdadeira de Deus atua na nossa vida não porque Deus está obrigado a fazer isso por causa da aliança, mas porque ele nos ama e tem prazer em agir, bondosamente, em nosso favor. O SENHOR é o Deus de Israel (referindo-se a todos os que lhe pertencem por meio de Cristo) para sempre e a sua bondade (ds,x,), para com o seu povo, também, dura para sempre. Por esta razão o salmista nos convida a aclamar, celebrar este maravilhoso Deus.
Compreendendo o motivo de louvarmos ao SENHOR de todo o nosso coração, fica mais fácil de entendermos o porquê do salmista, antes de dizer o motivo do louvor, escreve a sequência de imperativos progressivos.
O versículo um começa com o imperativo "celebrai". Esta palavra hebraica era usada no contexto de guerra e traduzida por "gritar" (cf. Js 6.5; 1Sm 17.52). Por isso, a tradução da Bíblia de Jerusalém e da NVI, que usam a palavra "aclamai", parece uma melhor opção de tradução. Neste primeiro versículo encontramos o convite para que todos louvem a Deus.
Esta afirmação é embasada pela qualidade da ação verbal encontrada no salmo 100 que indica uma causa para este convite. O verbo está no hifil, isto é, existe uma causa para que este aclamar aconteça; neste caso, é a bondade de Deus. O salmista ordena que todos os povos explodam em louvor, deem gritos de vitórias para louvar a Deus porque ele é bom. A causa deste convite é a bondade de Deus.
O versículo dois nos mostra que estes adoradores da terra são os seus servos e que estes deveriam servir ao seu Deus apresentando-se diante dele para este serviço, como retribuição a sua bondade. Com a presença da expressão com alegria, isso nos indica que este serviço não era algo pesado e, sim, prazeroso na vida daquele que serve ao SENHOR. A segunda parte reforça a idéia da primeira ao dizer: "apresentai-vos diante dele com cântico".
Este tipo de serviço, quando oferecido a Deus, ele consistirá de uma obediência ao SENHOR. Eu obedeço a Deus, e demonstro isso, o servindo com alegria e me apresentando diante dele com cântico de louvor porque eu sei que Deus é bom e a sua bondade verdadeira dura para sempre.
No versículo 3 encontramos um jogo de idéias muito interessante. Na primeira parte da linha poética o salmista apresenta Deus como sendo a força criadora e o Ser que sempre está presente. Ele se utiliza dos nomes hwhy (Yaveh) e ~yhiîl{a,< (elohim). O salmista diz que nós somos obra das mãos de Deus porque foi ele quem nos fez; neste caso, esta afirmação tem ligação com a palavra ~yhiîl{a>, .
Esta é a mesma palavra usada em Gênesis, no capítulo um, para mostrar Deus como criador de todas as coisas, inclusive do homem. A força criadora do universo é a mesma força que fez o homem a partir do pó da terra e a mulher de sua costela.
Nesta mesma linha poética temos a afirmação que não somos apenas feitura de Deus, mas constituído seu povo, onde ele é feito nosso pastor. Somos parte do seu pastoreio. Isso denota a idéia de um Deus presente e que cuida de seu povo. A declaração está relacionada com o primeiro nomeque aparece; o nome impronunciável de Deus hwhy, o Deus presente; aquele que se faz presente.
É o mesmo nome que Deus se apresentou a Moisés em Êx 3 e o mesmo nome que esteve presente na vida de Israel em toda a sua história e o nome da Aliança com este povo. O Deus que se faz presente e que criou todas as coisas age de maneira bondosa com a sua criação e com o seu povo escolhido.
O versículo quatro nos mostra que os adoradores deveriam entrar por suas portas. Parece que o salmista, neste caso, faz uma referência ao Templo, o símbolo da presença de Deus no meio do seu povo. O Templo é tido como o centro religioso da nação de Israel. Entrar pelas portas do Templo, ou como a outra cola poética nos diz: "no seu pátio", era, simbolicamente, entrar na presença deste Deus, visto que a Arca da aliança estava no Templo.
Eles, na presença deste Deus, deveriam dar graças e bendizer. O verbo dar enfatiza o reconhecimento e a declaração de um fato, seja ele bom ou mal; o salmista usa este verbo, pois o salmo é um cântico de louvor pelo aspecto real da bondade de Deus.
O verbo encontra-se no hifil, logo existe uma causa para este louvor, neste caso, como já vimos, a bondade de Deus. Por causa desta bondade, aqueles que vinham ao Templo para adorar, o faziam declarando esse fato na vida deles.
O verbo bendizer encontra-se no piel (uso mais comum deste verbo bendizer). A raiz deste verbo é traduzida por "abençoar". Normalmente, a bênção era transmitida de uma pessoa que estava numa posição maior para uma na posição inferior.
Tal tratamento tornou-se um meio formal de expressar agradecimento e louvor a uma pessoa por ter compartilhado um benefício de sua vida. É bastante comum que o SENHOR seja tratado dessa forma. A bênção no AT está diretamente ligada à natureza bondosa de Deus. Por esta razão Deus deveria ser bendito.
Portanto, no caso do salmo 100, essas palavras não aparecem como duas ações distintas, mas elas formam um paralelismo sinonímico (transmitem uma mesma idéia). Com isso, Aqueles que entram na presença do SENHOR, dão graças a ele porque realmente Deus tem sido bondoso com a vida de seu povo e lhe bendizem o nome por saberem que Deus, infinitamente superior ao seu povo, tem usado de bondade para com eles.


Resumidamente, poderíamos dizer:


"Aquele que celebra ao SENHOR o faz porque Deus é bom!
Aquele que serve com alegria o faz porque o SENHOR é bom!
Aquele que tem conhecimento que faz parte do povo e é cuidado por este Deus, sabe que o SENHOR o faz porque ele é bom!
Aquele que entra na sua presença tem a certeza de que está na presença do maravilhoso Deus, porque o SENHOR é bom!
Aquele que glorifica o seu bendito nome, o faz porque o SENHOR é bom!"

3.2 Implicações do Salmo 100 para a vida do Cristão


1. Deus é o único alvo da nossa adoração. Não há outro Deus que importa ser adorado que não seja o nosso SENHOR;


2. O nosso serviço a Deus demonstra uma forma de adorarmos ao SENHOR por causa da sua bondade.


3. Chegamos à conclusão que Deus não é apenas o Ser criador de todas as coisas, inclusive do homem, mas é o Ser sustentador de tudo – a natureza e o seu povo.


4. Toda a nossa gratidão e hino de louvor são motivados pela bondade verdadeira de Deus na vida de seu povo. Assim como Deus é eterno; eterna é a sua bondade para conosco, então como não adorá-lo.


CONCLUSÃO
O Salmo 100 apresenta-nos uma oportunidade de pensar sobre a teologia e a prática de adoração. Nos cinco versículos deste hino, encontramos uma breve, mas poderosa expressão de adoração aceitável ao Senhor. Nos versos que o salmista apresentou, nestas poucas palavras líricas, podemos ver um modelo de culto que une alguns dos atos e atitudes mais importantes de adoração bíblica: o culto na presença do SENHOR e para o SENHOR; louvar a Deus por aquilo que ele fez e por aquilo que ele é; reconhecimento da grandeza de Deus no universo e na vida pessoal; entoar-lhe cânticos de adoração; etc.
Em uma única frase poderíamos descrever tudo aquilo que desejávamos transmitir na análise do poema:
De maneira simples e viva este Salmo diz para nós, Deus é Deus, somos dele. Ele é eternamente bom; adoremo-lo e louvemo-lo. É mensagem que qualquer um pode entender e mensagem a que todos devem obedecer.
A esse Deus seja dada toda a gratidão desde agora e para todo o sempre!


Amém!

Louve ao Senhor no Salmo 100- Parte I




TEXTO: SALMO 100
Salmo de ações de graças. Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras. 2 Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico. 3 Sabei que o SENHOR é Deus; foi ele quem nos fez, e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio. 4 Entrai por suas portas com ações de graças e nos seus átrios, com hinos de louvor; rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome. 5 Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade.

INTRODUÇÃO:
O ser humano, por natureza, é um ser religioso. O seu interesse nas coisas divinas é uma prova disso. Uma maneira em que esse interesse se expressa é no culto que ele oferece ao deus da sua vida. O povo de Israel não era diferente. O que distinguiu o povo de Israel dos demais povos não foi o fato de adorar um único Deus, mas as características da sua adoração.
Cultuar ou adorar significa dar honra a. É o ato de reconhecer a grandeza e a majestade de uma divindade. É uma expressão externa de uma atitude interna; é a convicção de que a divindade merece a nossa devoção. Assim, no Antigo Testamento, para os judeus, cultuar o seu Deus YHWH (IAVÉ) era tanto um ato como uma atitude.
Esses dois aspectos do culto de Israel são evidentes na linguagem que o Antigo Testamento usa para descrever a adoração. O Salmo 100 é reconhecido como um hino de louvor e um convite para adorar a Deus. Este Salmo se destaca tanto pela simplicidade de linguagem como a profundidade das suas expressões teológicas.
Entre todos os salmos, este é um convite para entrar na presença do SENHOR com a única intenção de adorá-lo. A linguagem conduz os adoradores até os átrios do templo em Jerusalém onde podem contemplar a grandeza do SENHOR e oferecer uma resposta. É um Salmo que trata tanto das atitudes do adorador como suas ações. Assim, é um Salmo excelente para considerar a teologia de culto no Antigo Testamento e a sua análise teológica deve começar, estritamente, pelo texto.
Esta análise visa expor a situação histórica do Salmo e analisar algumas palavras chave que o autor escolheu para comunicar esta verdade, bem como a sintaxe das palavras no seu contexto gramatical.


I – ANÁLISE HISTÓRICO-CULTURAL


1.1 O Nome Salmos
A palavra salmo vem do grego psalmos que quer dizer um cântico ou um hino. A palavra hebraica para o livro é têhillím e significa louvores. O livro contém uma coleção de cento e cinqüenta cânticos da vida religiosa e da adoração hebraica – cânticos do coração do povo e que refletem suas experiências pessoais. Pode-se dizer que os salmos representam o antigo hinário do povo de Deus.


1.2 Autoria
Quem escreveu os salmos? Fazer esta pergunta é quase o mesmo que perguntar quem escreveu os nossos hinários modernos. A resposta pode ser – muitas pessoas. Muitos compositores contribuíram com a coleção de cânticos e poemas que conhecemos como o livro de salmos. A tese mais aceita é a de que alguém depois do cativeiro na Babilônia compilou esses salmos em um só volume, neste caso poderia ter sido o cronista Esdras.
Um problema para se estabelecer uma autoria dos salmos se deve ao fato de que "na maioria dos casos, o próprio texto dos salmos não indica o autor nominalmente.". Porém, quando encontramos alguma informação nos títulos dos salmos ele nos apresenta o "seguinte quadro tradicional: um salmo de Moisés (Sl 90); setenta e três de Davi (a maioria de acha nos livros I e II); doze de Asafe (50, 73-83); dez dos descendentes de Coré (42, 44-49, 87-88); um ou dois de Salomão (72? E 127); um de Hemã, o Ezraíta (88); um de Etã, o Ezraíta (89)".


1.3 A presença dos Salmos na Palavra de Deus
Os salmos têm um lugar singular na Bíblia, por dois motivos. Primeiro, ele nos dão uma visão de como era a adoração em Israel de maneira pessoal e congregacional. Certos salmos eram feitos para todos os "crentes". A congregação certamente usava, por exemplo, o salmo 136 como uma forma de leitura responsiva.
Outros salmos estão mais ligados às experiências do indivíduo. O salmo 3 descreve os sentimentos intensos de Davi enquanto ele fugia de seu filho Absalão. Muitos outros salmos revelam experiências pessoais de adoração.
Segundo, os salmos lidam com todos os aspectos da vida hebraica. O povo louvava a Deus por seus grandes feitos e por bênçãos especiais. Eles também agradeciam pelo perdão dos pecados. Algumas vezes, lamentavam as circunstâncias difíceis da vida e imploravam para que Deus amaldiçoasse os seus inimigos da fé. Os salmos conseguem abranger de maneira satisfatória a teologia e a vida diária das pessoas.


Paul House afirma que:


Nenhum outro livro do AT possui escopo histórico e teológico que se vê nos salmos. Como documento teológico o livro abrange toda uma gama de confissões bíblicas sobre o caráter, a atividade e os interesses do Senhor. Aqui Deus é chamado de criador, sustentador, protetor, salvador, juiz, estabelecedor de aliança e restaurador. Aqui se revela toda uma série de ações divinas que dão sentido a esses nomes, e aqui também se apresentam os ambientes históricos que fornecem o contexto para a realidade e reflexão teológica. Os principais acontecimentos da história de Israelita... são mencionados para dar sustentação às declarações do livro acerca do dia-a-dia das pessoas.
Os salmos declaram as verdades de Deus em um estilo cheio de beleza que fala tanto às nossas mentes quanto aos nossos corações.

1.4 A Divisão dos Salmos
Os salmos estão divididos em cinco livros. Esta divisão é feita para se fazer uma alusão aos cinco

livros da Lei (hipótese bem aceita). Pensando nisso, o saltério ficou assim dividido:


Livro I – os salmos de número 1 ao 42;


Livro II – os salmos de número 43 a 72;


Livro III – os salmos de número 73 a 89;


Livro IV – os salmos de número 90 a 106;


Livro V – os salmos de número 107 a 150.


1.5 Os Tipos de Salmos
Os salmos estão classificados em 7 tipos de categorias, a saber:


HINO – cânticos de louvor e ação de graças a Deus por aquilo que ele é e aquilo que ele fez;

PENITÊNCIA – confissão do arrependimento pelo pecado, súplica pela graça e perdão de Deus;


SABEDORIA – observações gerais sobre a vida, especialmente, acerca de Deus e de nosso relacionamento com ele;


REALEZA – o tema principal é o rei como filho de Davi e instrumento especial de Deus para governar o povo;


MESSIÂNICO –descreve alguns aspectos da pessoa ou do ministério do Messias;

IMPRECATÓRIO – pedido a Deus por julgamento contra os inimigos de Deus e/ou os inimigos de seu povo;


LAMENTO – lamento por uma situação; normalmente inclui declarações de lamento, confiança em Deus e afirmação de louvor a ele.


1.6 Data da Escrita
A data da escrita é muito difícil de precisar, visto que cada salmo fora escrito em tempos e épocas diferentes. Entretanto, Gagliardi tem uma opinião coerente a cerca da questão de data envolvendo os salmos com a qual nos ajudará a assumir uma posição quanto a esta questão.
Ele nos diz:
A data da composição é diferente da data da organização do livro, pois a maioria dos autores não pensava estar compondo para uma futura coletânea que serviria à liturgia do templo. As datas de composição são tão distantes quanto Moisés, cerca de 1440 a.C. (Sl 90) e talvez Esdras em torno de 450 a.C. (Sl 119) ou ainda o de número 126 e 137.
Sendo assim, o melhor é afirmarmos que a data da escrita dos Salmos é incerta.


1.7 Os salmos e o Cristão
Os salmos continuam sendo um tesouro de auxílio espiritual para os cristãos. Suas palavras falam ao nosso coração assim como certamente falaram ao coração de outros desde os dias eu foram escritos. Seja qual for o nosso estado de espírito, seja qual dor nossa situação, as vozes antigas nos convidam ouvi-las. Elas também já passaram por alegria, tristeza, luto, pecado, ira, confissão, perdão e outras experiências que tocam tão profundamente em nossas vidas. Elas nos chamam a aprender delas enquanto o Espírito Santo usa essas palavras para nos trazer para mais perto do Senhor.

Quem é Jesus?- Análise Exegética Evangelho de João




João 1: 1, 14

" PRÓLOGO DE JOÃO: UMA MENSAGEM ESSENCIAL DO SEU EVANGELHO".

"Vs. 1 - No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Vs. 14 - E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" – Edição Revista e Atualizada.
O versículo 14 funciona como um divisor das águas no primeiro capítulo deste evangelho e, também, como uma introdução de toda a obra cristológica que vem a seguir. Este texto - 14a - é muito semelhante ao final do verso 1 quanto a sua forma gramatical. No fim do vs. 1 encontramos uma estrutura composta por uma conjunção, um nominativo, um verbo e um nominativo seguido de artigo - kai. qeo.j h=n o` lo,goj (kai Théos en hó Logos - e o verbo era Deus). No verso 14a temos a mesma estrutura: uma conjunção, um nominativo, um verbo e um nominativo seguido de artigo (embora não apareçam na mesma ordem) -Kai. o` lo,goj sa.rx evge,neto(kai hó Lógos sarks egeneto - e o verbo se fez carne). Neste primeiro versículo temos a eternidade do lo,goj, sua relação com o Pai e sua divindade. A diferença entre os versos um e catorze não está a quem se referem, pois os dois falam da mesma pessoa, mas na ênfase dada; No vs 1 a ênfase recai sobre a divindade do lo,goj. Este Lógos é o próprio Deus.
O vs. 14 está relacionado, intimamente, com o verso 1, visto que esse lo,goj , descrito por João, é o Deus que se fez carne - o` lo,goj sa.rx evge,neto(hó Lógos sarks egeneto - e o verbo se fez carne). João nos apresenta o Deus-Conosco, o Emanuel, o Deus-homem, o Deus de carne e osso. A ênfase agora está na humanidade do lo,goj. Ao fazer isso, João ataca, violentamente, mas de forma sutil, a idéia gnóstica, expressa pelo docetismo, de que Cristo tinha apenas a aparência de homem, mas que não tinha corpo físico, real, de um homem.
A encarnação do lo,goj (que é Cristo) não se limitou apenas ao seu nascimento, mas por toda a sua vida enquanto esteve entre nós e nesta mesma condição na qual ele, Cristo, continua subsistindo com a mesma natureza (cf. At 1: 6-11; Ap 1: 7). A encarnação de Jesus é o próprio Deus manifestado na carne: E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne... (1Tm 3.16a, Texto Bizantino).
Esse fato de se manifestar na carne nos remonta para o ato de Deus se fazer presente no meio de seu povo no deserto, porém não fisicamente como Jesus. João ao escrever "... habitou entre nós..." faz uso da palavra grega (evskh,nwsen – eskénosen) cujo substantivo se deriva de uma palavra que quer dizer tenda, fazendo, assim, uma alusão ao passado do judeu onde o seu Deus veio habitar no meio deles enquanto peregrinavam pelo deserto.
Dessa maneira, a presença de Deus conduzindo o seu povo no período mosaico é testemunhada e lembrada na pessoa física do lo,goj, mostrando que o Deus do AT presente no meio daquela congregação é o mesmo Deus que se revelara por meio do Senhor Jesus Cristo; fato, este, que acaba por manifestar a glória de Deus como nos diz o restante do versículo - ...vimos a sua glória. Essa glória não era uma visão como foi no caso de Isaías e na transfiguração, por exemplo. Mas João e alguns de seu tempo puderam ver a glória de Deus através de Jesus numa série de eventos a partir de seu nascimento, batismo, morte, e até sua ressurreição.
O próprio evangelista, ao escrever sua primeira epístola universal, capítulo primeiro e verso 3a, testifica deste fato quando diz: kai. h` zwh. evfanerw,qh kai. e`wra,kamen kai. marturou/men(kai He zoe efaneróthe kai eorákamen kai martyrumen - Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos…). O verbo e`wra,kamen (eorákamen) traduzido por vimos – encontra-se no Perfeito Indicativo Ativo cuja qualidade da ação quer dizer algo que aconteceu no passado e tem a sua validade ainda para o tempo presente. Com isso, João diz que eles viram o lo,goj encarnado e o testemunho que tem sido dado pela igreja no presente se baseia nesta verdade. Deus se encarnou, continua encarnado e por isso nós testemunhamos, continuamente, acerca desse Deus, visto que o verbo marturou/men (martyrumen - testemunhar) encontra-se no Presente do Indicativo Ativo, indicando uma ação, preferencialmente, linear, contínua. A proclamação contínua da realidade da encarnação do verbo é o conteúdo da pregação apostólica.
Para ratificar esta mensagem, João se utiliza de um empirismo teológico. Ele começa o verso de número 1, do capítulo 1, da primeira epístola de João, com a seguinte frase: ai` cei/rej h`mw/n evyhla,fhsanperi. tou/ lo,gou th/j zwh/j(hai chereis hemon epseláfesan peri tu logu tes zoes – e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida). O verbo evyhla,fhsan (epseláfesan - traduzido por apalparam) encontra-se no Aoristo Indicativo Ativo, mostrando uma ação pontilear, uma ação vista como um todo, completa e definitiva, pois não se repete. Sendo assim, João quis dizer que, enquanto o lo,goj – encarnado para sempre – esteve no meio deles, verdadeiramente, as próprias mãos dos apóstolos tocaram, fisicamente, o lo,gojde Deus,o unigênito do Pai (monogenou/j para. patro,j – monogenus pará patrós).
Esta frase monogenou/j para. patro,j é mais do que uma simples metáfora. Jesus não recebe uma glória como se fosse apenas o unigênito do pai, mas a recebe porque ele reflete plenamente, ou melhor, perfeitamente, essa realidade.
O termo unigênito (monogenh,j) não focaliza o seu nascimento, mas enfatiza o fato de ser ele o objeto do amor do Pai. Há entre o Deus-Pai e o Deus-Filho uma relação filial diferenciada de tudo que temos em relacionamentos, humanamente, conhecidos. João tem a intenção de fazer uma distinção entre o relacionamento exclusivo de Jesus com o Pai e entre aqueles que viriam a ser filhos de Deus por meio dele. João nos mostra que Cristo se relaciona diretamente com o Pai e os demais filhos de Deus se relacionariam com o Pai por intermédio de Jesus Cristo, o mediador desta relação. Esta expressão, também, nos faz lembrar o batismo de Jesus.
É uma expressão empregada com o mesmo sentido, por assim dizer, da palavra amado (avgaphto,j – agapetós) nos evangelhos sinóticos por ocasião da voz que veio do céu dizendo: "...Este é o meu Filho amado..." (Mt 3.17; Mc 1.11; Lc 3.22). João dá o testemunho que a partir da encarnação do lo,goj, ele, João, e os outros que estavam presentes naquela ocasião, viram a glória de Deus, em Cristo Jesus. Uma glória que só Cristo poderia ter e expressá-la. Única.
Para concluir, nesta parte do evangelho de João chamado: prólogo, encontramos a divindade e a humanidade de Cristo descritas nestes dois versos. O versículo que faz a separação das narrativas entre essas duas naturezas é o vs. 14. Antes do verso 14 temos a ênfase na divindade e depois deste versículo a humanidade; e no restante do livro joanino toda esta parte (o prólogo) pode ser vista. Como bem disse Champlin: "Este vs. 14 faz parte integral da seção que cobre os versículos catorze a dezoito, e que serve de coroa da doutrina do Lógos, parte essa que contém a mesma mensagem essencial do evangelho inteiro de João."
Isso nos traz algumas implicações para a nossa vida :
Com relação a aquilo que muitas vezes nos assalta – o nosso sofrimento – podemos descansar e confiar em Cristo porque ele sabe exatamente o que é padecer, pois experimentou, no seu próprio corpo, todas as nossas mazelas físico-emocionais porque se fez carne e habitou entre nós;
Como Deus-Homem ofereceu um perfeito sacrifício a Deus-Pai em favor dos seus eleitos, a tal ponto de poder dizer para o próprio Deus, nos momentos finais de sua vida, pregado naquela cruz: "Está consumado". Tudo que era necessário fazer para o eleito receber a salvação foi feito e sem falta alguma;
Como Deus-Homem oferece uma perfeita intercessão por seus eleitos diante de Deus-Pai; o nosso Sumo-sacerdote, diariamente, advoga as nossas causas perante Deus-Pai que nos ouve as orações e nos abençoa mediante Cristo Jesus;
O amor de Deus-Pai, por seus filhos, se evidencia no amor que ele tem por seu eterno Filho Jesus. O amor de Deus jamais acaba;
A encarnação, definitiva, de Cristo serve de base para a nossa contínua pregação do evangelho. Nós pregamos aquilo que Jesus fez por nós, desde a sua encarnação até a sua morte, ressurreição e ascensão aos céus.

Estudo Bíblico Aprofundado de Atos 1:8 Parte II




Continuação da Exegese de Atos 1:8
Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.
1.1- No evangelho, Lucas escreveu o que Jesus começou a fazer e a ensinar. Em Atos, o que o Senhor continuou a fazer por meio de Seu Espírito
1.2- Jesus passou quarenta dias após Sua ressurreição e antes de Sua ascensão falando aos apóstolos das coisas concernentes ao Reino de Deus. Daqui podemos apreender duas coisas fundamentais e básicas:
A preparação de uma liderança é fundamental para o estabelecimento de uma missão.

A promessa do Pai, o batismo com o Espírito Santo é condição espiritual para realização da obra. Os apóstolos estavam preocupados com o tempo da restauração do reino a Israel e Jesus queria que estabelecessem a Igreja, que fossem Suas testemunhas de Jerusalém até os confins da terra, pelo poder do seu Espírito Santo.
avlla Allá- conjunção. adversativa, MAS, PORÉM (mais forte do que de dé) que indica um contraste grande entre a perspectiva dos Apóstolos, preocupados com aspectos escatológicos, talvez detalhes, em detrimento da visão ministerial que o Senhor da Igreja tinha para ela. Isso acontece todos os dias na maioria das igrejas...qual é a visão de Jesus o SENHOR da Igreja e qual a visão dos membros da Igreja?
lh,myesqe lempsesthe - 2°pl. do Futuro lndicativo Médio Depoente ou 2° pl do Aoristo imperativo ativo de lamba,nw ( lambanõ).
O futuro no grego preferencialmente indica uma ação pontilear, no Indicativo o aspecto temporal está presente, sendo também o modo da certeza, fato realidade, recebereis com certeza, de fato, na realidade.
O aonsto indica uma ação PONTILEAR, em ato e não um processo. Observe o §557 da Pequena gramática do grego Neotestamentário Coinê (Francisco Leonardo) no imperativo como no subjuntivo estes dois tempos (Presente e Aoristo) não se referem a tempo algum, a não ser um futuro proximo: recebei vós. Larnbanõ significa TOMAR, PEGAR, APOSSAR-SE, Mt 26:26a; Me 12: 19-21; 15 23 . = AGARRAR, APODERAR-SE Mt 2 I :35,39; Lc 5:26.
Os cristãos deviam praticar a ação de agarrar ou apoderarem-se do poder de Deus. Isto aconteceu, quando:
Obedeceram.. ficando em Jerusalém, I :4; Jesus comendo com os apóstolos determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, I: 12, após a ascensão de Jesus os discípulos voltaram para a capital em obediência ao Mestre. Obediência é um pré-requisito para a manifestação do Espírito.
Confiaram 1:4b "mas que esperassem a promessa do Pai, a qual disse Jesus, de mim ouviste." Os apóstolos confiaram nesta promessa, precisamos exercitar a fé baseada nas promessas de Deus para que o Espírito opere e sejamos verdadeiras testemunhas.
Oraram 1: 14 "Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dEle". A oração humana precede a ação divina.
Uniram-se 1: 13-15; 2:1 "Ao cumprir-se o dia de Pentecostes. estavam "todos reunidos no mesmo lugar" A unanimidade, a reunião no mesmo lugar possibilitou a participação de todos no recebimento da virtude divina. A unidade é como o óleo precioso, Sl 133:2.
Recebereis du,namij - dynamis - PODER, FORÇA, FORTALEZA, ENERGIA Mt 22:29; At: 1:8, o próprio Deus Mc 14:62; ato poderoso, milagre Mt 11:20s Mc 6:5 II Co 12: 12 .
Mt 22:29 "Respondeu-lhe Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus" .
Mc 14:62 "Jesus respondeu: Eu sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo com as nuvens do céu com poder e grande glória", quando recebemos o dynamis estamos recebendo a mesma força, energia que Deus possui em plenitude .
Jesus exerceu este poder, intervindo nas leis naturais e realizando feitos extraordinários. Os milagres responsabilizam ainda mais os ouvintes ao arrependimento II Co 12: 12 As credenciais do apostolado foram apresentadas no meio dos coríntios, com toda a persistência, por sinais, prodígios e poderes miraculosos (dynamesin) Este poder serviu de credencial apostólica .
Continua parte III.

Uma Análise Exegética de Atos 1:8 Parte I


ATOS DOS APÓSTOLOS – O PODER PARA TESTEMUNHAR
ANÁLISE EXEGÉTICA DE ATOS 1.8


O livro de Atos denominado dos Apóstolos deveria ser identificado, na realidade, como Atos do Espírito Santo.
Atos é o registro da ação do Espírito Santo no estabelecimento, desenvolvimento e fortalecimento do corpo de Cristo sobre a terra.
O crescimento é algo para um organismo vivo, não é diferente com a Igreja.
A Igreja cristã não deve perder a perspectiva de expansão sem perder de vista também a qualidade. Não podemos usar esse jargão da qualidade para negligenciar a expansão do reino. A qualidade é fundamental, mas um crescimento sadio e harmonioso também o é, incluindo uma organização, uma estruturação eficaz, isto é o que percebemos no texto a seguir.

Capítulo 1
Verso 1 No evangelho, Lucas escreveu o que Jesus começou a fazer e a ensinar. Em Atos, o que o Senhor continuou a fazer pelo seu Santo Espírito.
Verso 2 Jesus, antes de subir aos céus, passou ainda 40 dias falando aos Apóstolos das coisas concernentes ao reino de Deus. aqui notamos que a preparação de uma liderança é fundamental para o estabelecimento de uma missão.
Verso 4,5 A promessa do Pai, o batismo com o Espírito Santo é condição espiritual para a realização da obra.
Verso 1: 6-11 Os Apóstolos estavam preocupados com o tempo da restauração do reino a Israel e Jesus queria que estabelecessem a Igreja, que fossem suas testemunhas de Jerusalém até os confins da terra, pelo poder do Espírito.
Contudo o texto que gostaríamos de destacar e será alvo de nossa análise é Atos 1:8.
Continua parte II

Exegese Aplicada – Tristeza Pelo Pecado




A RAIZ DO ARREPENDIMENTO CRISTÃO

Leitura: 1 Co 5.2
Introdução:

O cristianismo é conhecido por pregar a amor a Deus e ao próximo. Esse modus vivendi muitas vezes é obstaculado por nossa inclinação ao erro, acabando por ofender a Deus, ao próximo ou a ambos. Diante disso, muitos alegam que é só se arrepender e pedir perdão para que haja restauração espiritual. Mas, o que caracteriza o verdadeiro arrependimento não pode ser visto como um mero balbuciar "perdoe-me". É possível perceber qual é a raiz do verdadeiro arrependimento? Cremos que sim, desde que haja UMA REAL TRISTEZA pelo pecado.
Dentre várias palavras que encontramos no NT grego, uma tem um significado especial: pentheo. Ela é a palavra mais enfática do grego, em todos os tempos até o período neotestamentário, que traduz o vocábulo lamentar. Como podemos verificar isso? Bem, isso pode ser visto através do seu uso em alguns períodos anteriores ao NT e no próprio NT.
I. O uso de pentheo no grego clássico e na LXX (Septuaginta).
Encontramos no grego clássico o verbo pentheo empregado no sentido de lamentar ou prantear por alguém que faleceu (Heródoto, Ésquilo). O substantivo penthos se emprega no sentido de luto ou tristeza, apontando para os sinais externos que identificam o luto. Assim, o vocábulo era utilizado não para descrever um mero pesar interno pela perda, mas a expressão visível de pranto por alguém que morreu.
Mas além do seu uso no período clássico, temos também o seu emprego na LXX, que é o Antigo Testamento traduzido para o grego. Nessa versão também encontramos pentheo traduzindo o hebraico 'abal, palavra empregada para o prantear e o pesar por causa do infortúnio ocorrido ou iminente. Também é utilizada para o luto por causa da morte de alguém (2 Rs 14.2; 1 Cr 7.22), para o remorso em geral ( Ne 8.9), e para a tristeza sentida por causa de um ente querido 2 Rs 13.27; 19.10). Também traduz o heb. 'amal , que significa estar fraco, definhar-se, conforme pode ser visto em Isaías(16.8; 19.8; 24.4,7; 33.9). Pode, por causa do seu uso em contextos de luto, descrever os efeitos psicológicos e físicos do luto, como o chorar, no heb. 'bakah (Gn 23.2; 50.3), o tremular, estremecer, como expressão da mágoa, do heb. Nûd (Jr 23.10), e escurecer-se, isto é, ficar de luto, tradução do heb. qadar (Ez 31.15). O verbo apresenta assim vários aspectos da tristeza, inclusive com a demonstração externa da tristeza.
Já o subst. Penthos representa o Heb. 'ebel, cujo significado é semelhante à forma verbal 'abal, lamentar (Gn 27.1; 50.10-11; Am 5.16; 8.10; Is 60.20).
II. O uso de pentheono grego neotestamentário.
O verbo pentheo aparece para descrever também a tristeza por um ente querido (Mt 9.15), para os que choravam pela morte de Jesus(Mc 16.10) e para a tristeza de Paulo ao saber da atitude impenitente de alguns crentes de Corinto (2 Co 12.21). É empregado para relatar a lamentação daqueles que agora riem impenitentemente ( Lc 6.25), e para o luto futuro daqueles que contemplarão o julgamento da Grande Babilônia (Ap 18.11,15,19).
Paulo e Tiago usam o termo num sentido de tristeza segundo Deus, arrependimento. Paulo emprega o verbo para denotar a atitude que deve ter a igreja de Corinto acerca do pecado de prostituição existente no meio dela(1 Co5.2). Tiago chega a exortar os pecadores a se afligirem, lamentar e chorar pelo pecado (Tg 4.8-10).
Conclusão:

É possível perceber que o vocábulo em análise tem mantido uma certa homogeneidade semântica por vários períodos. Ele descreve o prantear por alguém que já faleceu, mas não uma mera contrição mental, e sim a expressão visível por todos que presenciam o enlutado. Quando chegamos no Novo Testamento, vemos seu uso também no sentimento de reprovação pelo pecado. Diante do pecado, esse vocábulo nos ensina não a um pseudo-arrependimento, um mero "franzir a testa", mas uma reprovação tal que nos leve a chorar pela nossa situação como se chora pela morte de um ente querido. Essa deve ser a nossa atitude diante do erro. Essa é a raiz do verdadeiro arrependimento cristão.

O SENHOR DOS EXERCITOS PARTE FINAL


Agora, deste círculo profético, tendo também se apropriado da expressão tuabc hwUhyi, ensina nos diversos contextos de uso que Deus não só comanda exércitos mas visa também sua habitação com os homens "ainda não chegou o tempo de reconstruir a casa do SENHOR" Ag.1:2. Observa a vida comum do seu povo, "vejam aonde os seus caminhos os levaram.Vocês têm plantado muito e colhido pouco. Comem mas não se fartam. Bebem, mas não satisfazem..." (1:5). Quer que o povo trabalhe corajosamente porque Ele, o SENHOR, está com eles, seu povo, (Ag.2:4,5). Neste passo Ele mostra que o Deus, SENHOR dos exércitos, que comanda as tropas e os batalhões, é também o Deus da aliança. Ele comanda os poderes da natureza e dirige tudo para a Sua glória, (Ag.2:6-9),"...Dentro em pouco tempo farei tremer o céu, a terra, o mar e o continente". Lidera os exércitos, a riqueza das nações (Ag. 2:6-9), o "exército" de sacerdotes, (Ag. 2:10-18), lidera tronos e destrona reis (Ag.2:20-23).

Zacarias usa também a expressão "tuabc hUWhY i" em contextos específicos que nos leva a entender que a usava com um sentido novo e muito mais amplo. Na chamada ao arrependimento, Zc. 1:3; 1:4; na penalidade aplicada ao seu povo, Zc. 1:6; na penalidade aplicada outros povos, Zc 1:14,15; na reivindicação de sua presença, Zc.2:9; na confirmação de seu senhorio sobre os exércitos, mas também sobre suas próprias leis, Zc. 3:6; na promessa de perdão, Zc.3:9; na antecipação da convivência harmoniosa e prazerosa, Zc.3:10; na restauração da confiança, Zc.4:6("não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito"); na reconstrução do templo do SENHOR, Zc. 6:12; na demonstração do conhecimento da vida privada do seu povo, Zc. 7:4;8-9; na exigência da retidão do povo, que precisa fazer o bem, Zc.7:10; na comunicação da alegria que terá a cidade de Jerusalém, Zc.8:4-5; na purificação do seu povo, eliminando ídolos remanescentes, Zc.13:1-2; na proclamação de sua majestade como rei e de sua santidade como Deus, respeito e adoração, Zc.14:16-19.

Malaquias, o último profeta escritor do cânon sagrado, também utiliza aquela expressão de modo mais amplo, mas dentro da compreensão do círculo profético do pós-exílio. Para ele Deus quer que zelam pelo seu nome, Ml. 1:6; no cuidado com o tipo de oferta ao Senhor, Ml.1:8; no alerta que faz por conhecer o coração do homem, Ml.2:1-2; na condução de vida privada, Ml.2:14-16; nos contextos também da ação social, Ml.3:5 na comunhão restaurada com o Senhor, Ml.3:6; na honestidade concerne aos bens materiais, Ml.3:8-11; na rememoração das bênçãos como fruto da fidelidade individual, Ml.3:11,12; na convicção de que o povo de Deus é especial porque feito pelas mãos do Deus que faz, Ml.3:17-18; nas promessas de sua vinda e da restauração final, Ml. 4:1-5.Conclusão:

Podemos inferir do contexto vivencial, da incidência de uso e dos contextos onde a expressão apareceu nos escritos de Ageu, Zacarias e Malaquias, que a compreensão que eles tiveram do SENHOR, Deus dos exércitos, fundamentada na reflexão profunda sobre os acontecimentos da época, foi a de que Deus não é tão somente Comandante dos Exércitos, mas Senhor da vida em todas as suas peculiaridades e detalhes. A expressão, portanto, na compreensão deles e no uso que dela fizeram, toma um sentido novo, alcançando uma amplitude inalcançada até então. Este entendimento teontológico e novo na reflexão teológica deles os levou a empregá-la nos mais diversos contextos, o que nos leva a pensar na profundidade da reflexão teológica pós-exílica e nas suas implicações éticas hoje. Pois, eles nos ensinam pelo contexto de uso da expressão que o Senhor é soberano sobre os exércitos da terra, do céu, e do coração do homem que se diz submisso a Ele. Nada, nenhum acontecimento da vida do crente, está fora do alcance da soberania do SENHOR dos exércitos. É mais fácil vencer um exército do que ganhar o coração de um homem. É, exatamente aí que o Senhor também domina e rege.

O SENHOR DOS EXERCITOS PARTE II




Porquanto que isto seja verdade esta conotação não se restringe a este comando de tropas militares, como diz John Hartley, bem fundamentado biblicamente, "na verdade afirma o governo universal de Javé, que abrange cada força ou exército, tanto celeste, quanto cósmico ou terreno" (Hartler, 2001:1258). Isto significaria a supremacia do Deus de Israel sobre os outros deuses. A compreensão sobre os outros deuses. A compreensão sobre este Deus ficaria mais ampla, porque o Deus guerreiro seria também o Deus Supremo. Nenhuma nação na terra poderia nada contra o deus de Israel. Nem o Egito pode, nem Amon, nem Moabe, nem as nações cananéias, nem qualquer outra nação. Os poetas hebreus contaram essa glória:

"Pede-me, e te darei as nações como herança e os confins da terra como tua propriedade. Tu as quebrarás com vara de ferro e as despedaçarás como a um vaso de barro. Por isso, ó reis, sejam prudentes; aceitem a advertência, autoridades da terra"

Não há exército que possa com o Deus de Israel. Ele é o Deus Supremo, Salmo 46: 9 – 11.

Nesta direção, Deus rege a ordem da terra e do céu. Essa harmonia terrena e celeste é comandada por deus, o Deus de Israel. Por isso é dito que ao final da criação Deus é autor de tudo criado sobre a terra e no céu: "E foram terminados os céus e a terra e todos os seus exércitos" (Gen. 2:1). Não há como fazer um corte entre a produção literária e a cultura de onde o texto emergiu, nem como desligar a criação da conotação da experiência vivencial. É evidente a origem das onomatopéias, do "tic-tac" do relógio ao verbo "tictatear". Não se pode omitir o barulho do vento nas rochas das montanhas e montes de Israel com o som da palavra "vento" em hebraico HWr (Ruac) Há toda uma fundamentação vivencial da formação dos conceitos, como diz Humbolt "nada passa pela intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos" __ Embora os sabores são diversos, e haja o amargo e o doce , o doce e o azedo, há um fundamento comum: as papilas gustativas.

Como o nome de Deus na descrição da criação foi ~ihla? Porque sua origem é de hla, que significa "força", "autoridade", "poder". Nenhuma palavra se adequaria melhor àquela narrativa que descrevia as ações de um deus que para criar teria que ter "poder". Como o nome de Deus nos textos que falam da comunhão e da convivência é hUwhiy ? Porque é um nome que implica proximidade, aproximação, presença.

Como a expressão referente ao Deus das batalhas é twabc hUwhiyi? Porque nenhuma outra expressão iria implicar no sentido necessário para expressar do Deus que luta pelo seu povo. É esse majestoso deus, temível e guerreiro, que comanda Israel.

O uso sincrônico da expressão :

Façamos, agora, um corte epistemológico no uso da expressão, levando em conta o contexto histórico, no qual os profetas se apossaram daquela expressão conhecida comumente, para dar-lhe um sentido especial. Sendo isso feito especialmente no círculo dos profetas pós-exílios. A compreensão que esses homens de Deus tiveram do Deus deles, naquele momento difícil da vida do povo, fica marcada insistentemente nos seus escritos, onde se registra uma incidência de uso jamais constatada nos outros escritos, também sagrados, dos descendentes de Israel.

Os últimos três profetas escritores pós-exílicos tiveram como contemporâneos, entre tantos outros, Esdras e Neemias. Este usa com freqüência a expressão ~imsh ihla hUhi(YHWH Deus dos céus) como o nome do Deus do seu povo. Faz uso também do nome mais comum e universalizado ~ihla, como aquele que está em Jerusalém (Ne. 1:3). Conquanto esteja em Jerusalém, o Deus dos descendentes de Israel é o Deus também do céu. Este sentido é o que também entendiam alguns profetas pré e exílicos, como é o caso de Isaías (Is.10:5-4;47;37:16) (Jr. 10:16, etc). Deve-se levar em conta, na escolha deste título para Deus, o próprio contexto situacional de Neemias, que vivia como um funcionário do palácio do rei dominador do mundo mais conhecido de então. Ambiente que não poderia ser desconsiderado com todas as expressões próprias da função exercida no seu âmbito vivencial. Esdras também usa uma expressão, podemos asseverar, "politicamente correta", Larsy ihla(Deus de Israel), pois afirmar o Deus de Israel não seria negar os deuses das outras nações, seria afirmar um entre outros, embora considerando o seu Deus como o maior, o mais forte, o mais importante. Apesar de todo o exemplo de vida consagrada e de dedicação profunda a Deus e do próprio ambiente, onde exerciam as suas atividades eram necessários os cuidados e requintes diplomáticos devidamente aplicados no cotidiano da vida intrincada da política interna e externa. Neste contexto vivencial as possibilidades de reflexão teológica eram praticamente reduzidas. A preocupação aí era mais de conservação do poder, manutenção do "status quo", de uma ação diplomática adequada, para evitar o confronto externo em falência interna. Daí o cuidado e a diplomacia de Esdras e Neemias, os quais se referiram a Deus de um modo bastante conveniente e cuidadoso.

No entanto, isto não ocorreu no círculo profético que foi formado no cativeiro. Nesse contexto o pensar era livre dos obstáculos da diplomacia política. Entre os profetas, a expressão twavc hUwhy foi tomada com um sentido bem mais amplo do que o até então conhecido. Fica evidente que a incidência de uso é amplamente maior do que em qualquer outro período da história da elaboração dos textos sagrados. Ageu, Zacarias, Malaquias e outros profetas que não escreveram, mas que faziam parte do círculo profético na Babilônia, se apossaram da expressão acima e a usaram para comunicar a compreensão que tiveram de Deus naquela situação aflitiva, que é a de estar no cativeiro, numa terra estrangeira, numa situação incômoda. É, exatamente, aí que surge a indagação a respeito da situação real de vida: por que fomos expulsos de nossa pátria ? O que nosso Deus tem a ver com tudo isso ? Como compreender um Deus que permite tal mudança? Por que o sofrimento da guerra e da deportação humilhante ? E perceberam que Deus é mais do que comandante dos exércitos. Mais do que autoridade sobre os astros do céu. Ele é soberano sobre todos os aspectos da vida do seu povo. Ele não seria somente o i (Gn.22:14, "Senhor proverá"). O ("Senhor é minha bandeira", Ex.17:15); o ("Senhor Deus é nossa justiça", Jeremias 2:1); o ("Senhor é paz", Juízes 24:6); ("Senhor que está lá") nem o (altíssimo); (o que provê); como o vê Isaías amplamente em seus escritos, mas, sendo esta expressão enriquecida pela experiência do cativeiro, lida e relida refletidamente por um grupo de homens preocupados e empenhados em interpretar a História para seus contemporâneos. Sem dúvida, esta era uma função bastante conhecida pela comunidade israelita e esperada por eles. Esta era uma expectativa arraigada na mentalidade dos ouvintes dos profetas: o que Deus fala na História ? o que significa a interferência do Deus que age, que se move de sua imutabilidade e de modo suprarracional, se neste de temporalidade para tangenciar a existência do seu povo e de sua História ? Quem é esse Ser que se revela, mesmo fora das possibilidades racionais ? E quando o faz, até que ponto interfere ? É sobre isso que refletiam os do círculo profético, visto que os que não pertenciam a esse círculo não tinham interesse nesse tipo de reflexão. Suas preocupações eram outras. Lícitas, mas outras. Pode acontecer o que ocorreu com Marco Aurélio, estóico do último período do Estoicismo Antigo, que era guerreiro e filósofo. Mas, o mais natural e comum é o que aconteceu no Cativeiro: homens como Daniel, Esdras, Neemias e outros produziram para os governos, tiveram uma ação fundamentada na política; homens como Ageu, Zacarias e Malaquias e outros produziram para o povo uma reflexão interpretativa, teológica, fundamentada no pensar inquiridor sobre o sentido da História do povo, do qual faziam parte.

ESTUDO EXEGÉTICO BOBRE A EXPRESSÃO O SENHOR DOS EXERCITOS PARTE I




Aqui está um interessante estudo exegético sobre a expressão o SENHOR dos exércitos e o que ele quer realmente significar para os israelitas.
Na leitura dos livros dos profetas pós-exílicos, Ageu, Zacarias e Malaquias, somos confrontados com uma evidência contundente: a expressão twabc hwhy" (Adonai tsevaot) é um dado lingüístico marcante naqueles livros. Assemelha-se a um "ornamento barroco" em cada página de cada um desses profetas tamanha é sua repetição insistente.

Como é sabido por todos os que trabalham na área da produção de texto, nenhum texto é neutro. Nenhum é imparcial, nada que se coloca num texto é arbitrário, cada pequeno elemento, por menor que seja é intencional. Portanto, surge a indagação: por que este uso insistente? Por que eivar cada página do texto com a mesma expressão? Por que ela foi tão usada pelos profetas neste período, e se por eles? Por que os contemporâneos dos profetas pós-exílicos que atuaram em outra área da atividade, mesmo sendo israelitas, não se apossaram da expressão? Os dicionários e enciclopédias especializadas não ajudam muito, pois, suas colocações não levam em conta a incidência do uso pós-cativeiro, e a definem como uma referência ao domínio de Deus sobre os exércitos da terra e do céu. Este artigo levanta uma hipótese sobre tal fenômeno lingüístico.

O homem é essencialmente um ser da linguagem. Não é sem razão que Heidegger ¹ afirma: " a linguagem é a morada do ser". Desde tempos imemoriais o homem está criando um mundo paralelo ao mundo do objetivo e concreto que é sua interpretação dele, o mundo da linguagem ². È através dela que o homem se situa no mundo das coisas. Das coisas abstraímos atributos, e as classificamos; tanto em termo de consistência e substancialidade como no nível da exegética. Neste sentido, e só assim, pode-se viver contextualizado na cultura e determinado por ela, até certo pronto. São as palavras que constituem as coisas ³ ao nosso redor e nos encaminham a elas. São o nosso contato, o que tangencia a realidade da "res extensa" cartesiana.

O mundo criado pela linguagem não é perfeitamente superposto ao mundo do cotidiano. A superposição é falha e as arestas desencontradas, sobram ou faltam as margens, que parecem nunca poderem ser justificadas. Mesmo assim, pode-se referir ao momento da enunciação primitiva e originária como um ponto de partida estático, e, acrescentar-se um momento da que seja não primitiva e originária, mas também continuadora de um desenvolvimento mais longo. Assim sucede com alguns nomes de Deus. Ele tem muitos nomes. Todos resultado da visão antropocêntrica, interpretativa, oriunda da perspectiva humana. Tudo isto é natural da linguagem, da sua origem e continuidade.

Procura-se então uma possível conotação da expressão hebraica " twabc hwhy i" (Adonai Tsevaot - SENHOR DOS EXÉRCITOS) na compreensão que os profetas pós-exílicos tiverem de Deus a partir da leitura que fizeram da interferência Dele na história do povo hebraico.

O uso diacrônico da expressão - A expressão já era conhecida dos profetas e do povo. Seu uso, esporádico, pode ser constatado no percurso da história em vários momentos e situações diversas. A primeira vez que ela aparece é em I Samuel 1:3. Nesta instancia o sentido parece ser direcionado ao mais comum, que é o de que ele é o verdadeiro comandante dos exércitos de Israel. Como diz John E. Hartley no artigo que escreveu para o Dicionário Internacional de Teologia do antigo Testamento."

Esse divino aparece pela primeira vez em I Samuel 1:3. Parece que surgiu no final do período dos juízes e nas proximidades do santuário de Siló, onde a arca da aliança estava abrigada. A arca simbolizava o governo de Deus, pois afirmava-se que ele está entronizado entre os querubins (I Samuel 4:4 cf. Salmo 99:1) Este título certamente contém a afirmação de que é o verdadeiro comandante dos exércitos de Israel .

E era natural e espontâneo o pensar nesta direção dentro de uma comunidade inserida num mundo profundamente imerso na religiosidade, e na qual eram abrigados muitos deuses, todos eles guerreiros. Guerreiros valentes que lutavam cada um pela nação que as escolhiam. Nas guerras, a nação que vencia, vencia o deus dela; o deus que vencia, vencia a nação dele.

Isto fica claro em várias instâncias das Escrituras. Tomemos dois exemplos que evidenciam este fato: As pragas antes da libertação do povo israelita do Egito. Tais pragas não foram expressões de um deus tirano e maligno, pleno de sadismo, vingativo, que se alegrava em atormentar os egípcios para vê-los sofrer. De maneira nenhuma! Demonstram, ao contrário, o poder da intervenção de Deus e o seu poder sobre os deuses do Egito, ARA Exodus 18:11 agora, sei que o SENHOR é maior que todos os deuses, porque livrou este povo de debaixo da mão dos egípcios, quando agiram arrogantemente contra o povo.

Outro trecho, também claro sobre este conceito, o que se encontra em Isaias 36:18 – 20, onde está registrado o desafio que Senaqueribe lança sobre Israel e sobre o Deus de Israel, quando se referem, os seus enviados, aos deuses humilhados de nações humilhadas e conquistadas por Senaqueribe:

"Não deixem que Ezequias os engane quando diz que o Senhor 5 os livrará . Alguma vez o deus de qualquer nação livrou sua terra das mãos do rei da Assíria? Onde está os deuses de Hamate e de Arpade? Onde estão os deuses de Sefarvaim? Eles livraram Samaria das minhas mãos? Quem dentre todos os deuses dessas nações conseguiu livrar a sua terra? Como o SENHOR poderá livrar Jerusalém das minhas mãos?Não há como não considerar a mentalidade de então como uma mentalidade também do povo de Deus. A grande diferença residia na proximidade de Deus. Foi Ele que com "mão forte e o braço estendido" libertou o povo que estava prisioneiro no Egito, guiou o povo pelo deserto: fez maravilhas à vista deles, os protegeu com a nuvem durante o dia, os iluminou com o fogo durante a noite, destruiu exércitos com Josué e com os Juízes, lutou as suas guerras, venceu por eles. Essas experiências vivenciadas solidificaram o conceito de comandante dos exércitos de Israel. Este sentido, sem dúvida, foi adquirido cedo na história de Israel. Os eventos confirmaram esta compreensão: Deus de Israel, Deus dos Exércitos de Israel. Deus Guerreiro, chefe de Guerreiros, SENHOR DOS EXÉRCITOS.